PS acusa Governo de "propaganda" com "meios do Estado"
O secretário nacional do PS em declarações ao DN acusou, esta terça-feira, o Governo de não distinguir "entre o debate político-partidário e o exercício de funções governativas" ao usar o seu portal oficial para um "registo de propaganda e de campanha eleitoral".
Em causa está, como noticiou o Dinheiro Vivo, um panfleto intitulado "Repartição Equitativa dos Sacrifícios", agora divulgado no portal do Governo, em que o Executivo de Passos Coelho aponta o dedo às rendas excessivas no sector das estradas e da energia que foram "herdadas do anterior executivo" socialista.
"O registo de propaganda e de campanha eleitoral do governo já não faz diferença entre o debate político-partidário e o exercício de funções governativas, através de meios do Estado. Para quem dizia não justificar-se com o passado, os factos falam por si", acusou, em resposta, António Galamba ao DN.
Segundo o panfleto que está disponível em portugal.gov.pt, "o Governo tem vindo a cortar as rendas excessivas herdadas do anterior executivo" e calcula-se que no sector das parcerias público-privadas (PPP) rodoviárias terá conseguido já uma "poupança de 7,5 mil milhões de euros, com uma redução de 33,5% dos custos anteriormente previstos".
O Governo garante que "tem feito uma justa repartição dos sacrifícios pelos diversos sectores da sociedade, protegendo sempre os mais desfavorecidos e os que menos têm".
Já no Parlamento, o deputado socialista Rui Paulo Figueiredo disse estar-se perante um caso "lamentável em que se procura confundir os portugueses". "Basta os trabalhadores no ativo ou os pensionistas olharem para os seus recibos de vencimento [deste mês]", recordou. Para logo acrescentar: "Quando estamos perante o maior aumento de impostos e quando o rendimento disponível dos reformados e pensionistas é cortado de toda a maneira e feitio, é preciso ter lata para falar em repartição de sacrifícios", declarou o deputado do PS, citado pela agência Lusa.
Rui Paulo Figueiredo negou ainda o valor apontado pelo Governo nas renegociações das PPP. "Há 15 meses que o primeiro-ministro, Pedro Passos Coelho, anunciou essas renegociações, mas o presidente das Estradas de Portugal confirmou no parlamento, na semana passada, que não existe nenhum contrato renegociado aprovado em Conselho de Ministros e enviado para o Tribunal de Contas. Portanto, poupanças em renegociações de PPP há zero. É mentira", acusou.